quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ele tinha vinte dois anos quando me conheceu. Não sabia lidar comigo, me tratava como um brinquedinho, pensava que eu não sofria e que eu iria viver para sempre do seu lado. Mostrava-me aos amigos como um troféu e encarava sua atual situação como uma incrível aventura.  E talvez fosse mesmo afinal. Nós nunca fomos grandes amigos e mesmo com muito amor, o silêncio gerava desconforto quando estávamos juntos.  Aprendemos a conviver, a respeitar nossos limites com o tempo, mesmo assim nos conhecíamos pouco. Ele não sabia que eu sonhava com o mundo e eu não sabia o que ele esperava de mim. Mas, só eu sei o quanto o surpreendi quando sai com aquela mala indo embora, não uma vez, três. Fui embora três vezes para cada vez mais longe. Do seu controle, do seu olhar vigilante, do seu amor contido. No meu íntimo eu sabia do seu amor não declarado até então. Mas isso, a distância tratou de resolver, em um sms ele disse que me amava e foi o suficiente para caminhar em paz, mesmo que para longe, mesmo que para sempre. Ele me amava, era o que eu precisava saber. 

Ainda hoje, vinte anos do primeiro encontro, ainda somos contidos, eu na minha timidez e ele na dele, cada um na sua. Hoje ele sabe que eu tenho um namorado, uma tatuagem e uma louca vontade de viajar pelo mundo. Não conversamos sobre isso, mas para mim já está o suficiente, nos conhecemos o tanto certo para saber que devemos respeitar os nossos limites, e, principalmente, as nossas imperfeições. Ele não sabe exatamente o curso que eu faço, nem onde trabalho, nem por onde ando, mas ele confia em mim.É o que me importa. Feliz dia dos pais, meu pai.

2 comentários:

  1. Sou seu fã.
    Queria ter o poder de expressar meus sentimentos, nem que fosse assim, através de palavras.
    E você faz isso com maestria.
    Parabéns.

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