segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tolice de uma adulta


Não choro mais. E esta negativa não significa que ando feliz e sorridente. Significa muito mais. Não sinto tanto. E não falo no sentido literal da palavra, como por exemplo sentir frio, calor ou uma pedra no sapato. 

Não choro mais inconstâncias, não sinto mais a inspiração da melancolia.

E a verdade é que não sei até que ponto isso é positivo para uma pessoa como eu. Me olho e vejo uma adulta como os milhares...atrasada, agoniada, estressada, entediada...Como tantas, vou atropelando os próprios passos no centro da cidade, tropeçando na cegueira em chegar sempre dez minutos antes do combinado.

A instantaneidade me obriga a seguir em frente apesar da vontade de voltar. O desejo de acompanhar a mudança da paisagem,o caminhar das pessoas, o observar o céu ficou nas linhas dos cadernos que não uso mais... Sou obrigada a ir junto a maioria. A pegar a condução, a empurrar os que estão a minha frente, a não olhar o que está a minha volta.

Não, não choro mais. E não significa que nada mais dói, não tenho mais tempo. Verdade, não sinto mais. Não tenho me importando mais com minhas reflexões, minhas questões, meus "eus". Tem sido tudo muito prático. O acordar, levantar, sair, seguir, voltar, dormir. Como a maioria faz. Como eu tenho feito.

Mas hoje resolvi ouvir o que tenho por dentro. Um barulho ensurdecedor. Um grito de dor. Ando esquecida dentro de mim, dentro das obrigações da vida adulta, dos horários, do contracheque. Nunca imaginei que hora-extra tomasse tanto...Toma o tempo, a coragem, a disposição, a reflexão...E hoje apesar de ser quem eu sonhava ser, em ter a vida que eu queria, não sou mais quem eu sou.

2 comentários:

  1. Minha menina cresceu!

    Você lembra de mim senhora Marília Macedo? Como sempre adorei te ver por aqui... como é bom te ler de volta apesar de com um texto tão doído.
    Acho que isso é mesmo a vida adulta. Andar no piloto automático, se deixar levar por aquilo que esperam que a gente seja. Mas tem hora que a alma grita - ela já falou tanto e a gente não escutou, o que resta é espernear - e a gente tem que parar pra ouvir.

    Estou muito feliz de te ver de volta. E mulher.

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  2. Lila, li esse texto e me vi nele.
    Estamos tão preocupadas com nossas obrigações que esquecemos do nosso eu. Eu deixei, inclusive, de escrever como fazia antes. As coisas mudam e nem sempre como desejamos.
    Vc, como sempre, explanando os sentimentos de seus leitores.

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