sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ah...se não fossem os cadernos




Era um quarto pequeno, construído em uma parte da casa que já tinha sido uma varanda, tinha uma janela baixa onde dava para sentar sem medo e uma vista para uma mangueira bem grande e vistosa. Todas as tardes pegava o meu aparelho de som, sintonizava em uma rádio da cidade vizinha que tocava os sucessos das novelas, colocava uma fita cassete para gravar minhas músicas favoritas e um caderno. No caderno, eu escrevia as letras das canções que eu não queria esquecer, era o meu de jeito de eternizar. Naquele caderno de folhas timbradas anotava que desejava ter os cabelos mais longos e uma bota branca, deixava anotado também que o meu maior desejo era ser artista e que o meu maior medo era ficar em uma recuperação na escola. Todos os dias, era o meu ritual. No fim de tarde, eu sentava na janela e esperava o avião que cruzava o céu às cinco horas da tarde. Olhava, me emocionava em imaginar que um dia poderia estar ali, indo para algum lugar e olharia para baixo para enxergar minha pequena cidade, minha casa, minha janela...



Um comentário:

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Viver é um momento. Contemplar.  Viver é um sopro. Lembro-me do primeiro contato com o morrer. Eu tinha cerca de cinco anos. De mãos...