quinta-feira, 19 de novembro de 2009

o atraso.

Sete horas da manhã e eu preciso seguir o meu cotidiano. Tomo café rápido, pois já me sinto atrasada para o trabalho.
Corro para o carro. Quando já estou de saída percebo que esqueci a pasta com papeis importantes.
MERDA! Agora eu realmente estou atrasada. Pego-os e volto para o carro. Sem pensar saio correndo pelas ruas, esqueço que existem sinais de trânsito. Eu estou atrasada e isso é o que importa !
A rua estava movimentada e eu nem me dava conta disso, a pressa me cegou e chegar no trabalho o mais depressa possível é o que eu quero.
De repente no meio da rua aparece uma garota, de onde veio essa garota?! Foi mágica?! O freio do carro não responde aos meus movimentos. Ele não parou. 
Dez minutos se passaram, as pessoas se aproximavam, a menina estava no chão, acordada, mas não se movia.
Eu me aproximei dela sem dizer nada, ela me chamou pelo olhar, me baixei e ela sussurrou: "- Me perdoe, eu estava atrasada para a escola, não olhei o sinal.' 
De repente eu comecei a chorar.E me dou conta que um sinal de trânsito, tão corriqueiro, tinha acabado com o meu atraso. Chegar ao trabalho já não era tão importante. 
A ambulância chegou, levaram a menina. E eu voltei para casa.  Eu pensava em tantas coisas. 
Dois dias se passaram e o meu telefone toca, era a família da menina, ela tinha ficado tetraplégica. Naquele minuto, tomei a verdadeira consciência do fato.
Eu estava atrasada, não me importei com mais nada. Atropelei uma garota. Ela não tinha mais os movimentos.
E agora o que vai resolver?! A minha culpa? O meu dinheiro? Nada. Eu não tenho o controle da vida.


Essa história foi só pra ilustrar o quanto perdemos a consciência do olhar ao outro. O estresse, a correria, o atraso, a falta de tempo, e de repente, o freio não funciona e você transforma uma vida.
E nada do que era importante faz sentido.

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