quinta-feira, 14 de maio de 2009

passou ? não percebi


Mais cedo ele telefonara, deixara recado na secretária eletrônica.
Eu não sabia exatamente de quem se tratava, mas decidi retornar, talvez por curiosidade ou apenas por respeito.
Assim que tive um tempinho liguei, não sabia porque o coração tinha começado a bater daquele jeito, com a voz trêmula perguntei de quem era, no momento em que ele respondeu quase perdi o sentido, aquela voz... Como eu não reconheci ? Claro ! Era ele ! como tinha conseguido meu telefone ? acabei desligando a ligação sem me despedir.
Por que haveria te ter me ligado depois de tantos anos ? Me fazer pensar em tudo outra vez, era muito desaforo !
Aturdida, sai pelas ruas com a cabeça cheia de perguntas. Acabei chegando sem perceber a antiga pracinha, onde conversamos pela primeira vez.
Sentei cautelosa no banco que eu tanto conhecia, peguei o MP4 na bolsa e coloquei no último volume, fechei os olhos e mergulhei nas minha lembranças.
Teria sido tudo tão diferente se ele não fosse tão cabeça-dura, por que não entendeu meus motivos?
Respirei fundo e quando percebi as lágrimas já tinham molhado o meu rosto.
Eu amava aquele cara desde a primeira vez que ele tocou meus lábios, nunca tinha deixado de pensar nele, embora tivesse conhecido e até me envolvido com outros.
Mas, eu já estava recuperada, tinha colocado esse sentimento escondido em algum lugar dentro de mim.
E agora ele me liga ? que raios ele queria ? pensei em mil possibilidades, percebi que eu não havia perdido a imcomoda mania de imaginar as coisas.
Resolvi sair correndo dali, peguei o primeiro ônibus, sem nem perceber para que lugar iria o desgraçado do ônibus. Chegara no fim de linha, eu não podia acreditar...Rua Flores, a rua onde tantas vezes passei horas perto daquele que tinha sido minha mais forte lembrança.
Casa nº 81, era ali, eu já não reconheceria, mudara a cor, o formato da entrada, mas eu sabia que era ali.
Passei 10 minutos com o dedo sob a campanhia, tentando entender porque o destino havia me levado para ali.
De repente o amor se aconchegou em mim outra vez, toquei, haveria de ficar na porta até que me atendesse.
Alguém vinha, era ele, eu podia conhecer seus passos, mesmo depois de quase uma década.
A porta abriu.
- Oi ! É você ? pensei que não quisesse falar comigo. Desligou na minha cara o telefone...
-Não, não... desculpe...não foi isso.... esquece ! O que queria ?
- Nada de mais... só pra saber se você ainda estava com meu cd de Belchior...
O sangue tinha se esquentado nas minhas veias !
-Ah, o cd...quebrei ! Na nossa última briga .
-Sabia que você não tinha deixado de ser essa louca inconsequente !
-Sério ? Eu vim aqui só pra ter certeza que você continuava sendo insensível, grosso !
Pararam, olharam-se e beijaram-se como se ainda fossem aqueles adolescentes namorando na Rua Flores.

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