segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sobre a morte do governador


"Não é fácil conter a emoção diante de olhos que urram uma dor silenciosa. Tão cortante feito navalha recém-comprada. Dói de olhar. "

Acompanhei os bastidores com a sensibilidade que Deus me deu como dom. Percebi movimentos que valiam milhões e outros, centavos. Vi gente da mais alta estirpe, gente de uma sociedade falida, com a uma falsidade fantasiada de boas intenções... Mas em contrapartida vi gente que cheirava a interior, que veio de longe para despejar lágrimas e curiosidade diante da morte do líder do Estado. Gente que pegou três conduções para alcançar o local mais próximo da grade que separava o corpo da multidão. 

Vi gente.

Em cada momento da celebração eu pude ver olhos velozes, uns ditavam frases, outros sofriam em silêncio. Ouvi vozes que entoavam mentiras profundas e gente que ignorava  as regras da gramática mas que emanavam o amor mais puro.

Mais do que um funeral, eu vi a história se debruçar na minha frente.

Mais do que uma missa de sétimo dia, eu constatei o meu desejo de ser os olhos e a voz de quem é mais miúdo do que eu. Mais do que admiração pelo orador exemplar, eu colei meu grau através da necessidade de cobrir com precisão esse momento. 

Déda, mais do que qualquer outra palavra, hoje eu tenho gratidão.

Sou jornalista e você é parte disso.


"A minha alucinação é suportar o dia-a-dia, 
E meu delírio é a experiência com coisas reais."

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