domingo, 4 de outubro de 2009

A excêntrica família de Antônia


Excêntrico. É aquilo que se distancia do centro, e o centro da sociedade nem sempre é o melhor, e só descobriremos isso com a visão crítica e questionadora que a filosofia pede que tenhamos.
“E assim, tanto quanto esta crônica, nada se conclui”. É o grande paradoxo da vida, já que se imagina que a morte seja o final da existência. O filme ‘ A excêntrica família de Antonia’ retrata um conjunto de histórias trágicas e utiliza das metáforas para discutir os mais profundos questionamentos da vida humana.
A alma feminina, a arte, a filosofia, a inteligência incomum, o homossexualismo, o suicídio, o tempo e a morte natural são objetos englobados nesta obra que beira o surrealismo, mas que consegue levar o espectador a uma viagem reflexiva pelo próprio ser.
Desde cedo aprendemos a nos relacionar com o tempo de maneira com que devemos tê-lo como algo extremamente frágil, como a própria vida é. E é a partir da forma em que o tratamos que a nossa existência é desenrolada,
“O tempo não cura as feridas, mas alivia a dor e embaça a memória”, é essa a relação que os personagens mantêm.
Mesmo de maneira alegórica e com personagens um tanto quanto bizarros, o filme revela o quanto podemos nos tornar prosaicos se não perseverarmos naquilo em que temos no nosso ser.
Durante a nossa vida nos deparamos com situações que pedem que sejamos desprovidos de qualquer preconceito e de qualquer pensamento que possa nos prender a ignorância.
E o mais glorioso é terminar a construção da sua história como quem desenhou com cuidado e verdade todos os detalhes da criação do que poderia ser comum, mas que se torna único, como qualquer pessoa do universo.
Na imagem clássica do cotidiano de uma família não tão clássica que vemos muitos conceitos que seriam contraditórios com o que a sociedade impõe, mas que pela generosidade da matriarca Antônia ganha outro desfecho.
Dificilmente iremos pensar em tantas questões filosóficas de uma só vez como quando assistimos esse filme, é como uma grande explosão de pensamentos:
O que é a morte? Existe Deus? Existe pecado? E a religião é a dona de toda a verdade?
Questões tais que não teremos respostas imediatas e nem com muito tempo, já que se trata de algo individual de cada ser, partindo do principio que nenhuma verdade é absoluta e toda verdade é relativa.
No final do filme, fica a frase ‘ A vida quer viver’, nos mostrando que embora haja inúmeras tragédias pessoais de uma forma quase inexplicável a vida se recupera, se transformando naquilo que as nossas escolhas determinam.
Embora nem sempre acreditemos que temos um poder incrível de escolha, mesmo assim o destino percorre as veias do universo formando algo maior, mais amplo, que só com o poder questionador sobre algumas dúvidas podemos responder.
Sendo que o maior aprendizado que tiramos da vida todos os dias, é que não existe fim, o que há é uma visão aberta da existência de todas as coisas.
Quem eu sou? De onde eu vim? Quem rege essa grande ordem onde estamos inseridos?
Não há estudo que comprove, não há resposta que explique, não há filme que mostre.
O que há, e vai haver sempre é a sede de conhecimento, que pode não esclarecer tantas dúvidas, mas irá mostrar um mundo mais verdadeiro.

Marìlia Macedo

3 comentários:

  1. que análise do filme e filosófica hein?
    =]

    cabe aquilo tudo em 98 minutos? ;]

    conferirei assim que puder ;*

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  2. ducaralho! muito massa! :D
    um dia consigo escrever assim!
    kkkkkkkk

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  3. Não!Se mim perguntacem algums momentos atrás q jornalista vc gosta de ler diria Arnlado jabor,Alexandre Garcia,mas depois de ler este texto os textos deles ficam 'fichinha e agora com certeza respoderia:Marília de Macedo.Muito bom seu texto quando creser quero escrever como vc...

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