quarta-feira, 12 de março de 2014

Sobre mar, sabores e viver

Nadar em mar aberto não é para qualquer um. Quem se propõe a enfrentar a correnteza, as condições climáticas e a incerteza das águas escuras jamais entenderia como é nadar em piscina coberta, presa as barreiras. Quem se propõe a encarar o medo de nadar a mercê do que não é conhecido não aceita o cômodo. Talvez essa seja só uma comparação, mas acredito que sirva de justificativa para a vida. 

São inúmeras as vezes que precisamos encarar a dúvida e decidir entre uma piscina coberta ou se debater nas águas inquietas do mar.  Ah, o perigo de viver...Quem experimenta o sabor inigualável de nadar sem rumo, ouso a dizer que em poucas situações voltaria para a quentura da piscina. Ao mesmo tempo que o incerto amedronta, ele alimenta.

Viver é mais que sobreviver. Sobre viver...é disso que fala com essa comparação e viver é mais! Comodismo é algo inexistente para os que abrem o peito para os perigos da vida e respiram com a intenção de fazer valer o oxigênio consumido. Não quero menosprezar os que nadam em piscina, longe de mim, mas preciso exaltar os nadadores de alto mar, que saem da zona confortável para encarar a incerteza da ida e da volta. E nessa linha dos que enfrentam o mar, existem ainda os que vão contra a maré ou ainda os que nadam sem conhecer a rota e decidem ir para até onde a força permite.

Esses poucos nadadores nos inspiram a experimentar o sabor agridoce - inconfundível - da liberdade e ainda nos faz negar o insosso mundo dos que se escondem. E o que quero com esse papo? Ah.. é só uma reflexão, um devaneio, um desabafo, seja o que for...

Aliás, é só uma maneira pífia de dizer que admiro os que ignoram o sobreviver, se debatem nas águas e vão a lugar nenhum, mas ensinam sobre viver. Isso é o que verdadeiramente importa. 


'E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...

E lá se vai mais um dia...'

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